O Dallagnol dizendo que a prisão do Lula foi um presente da Cia me pareceu até uma "fake news" de esquerda. Fui dar uma checada: não era, ele disse isso mesmo, está lá.
Que essa afirmação não seja manchete em todos os jornais do país, mostra bem as corporações de comunicação que temos, mas também, do ponto de vista micropolítico, os jornalistas que temos e, mais ainda, a classe dominante que temos, de onde saem quase todos estes jornalistas.
E aqui insisto, a cobertura da Lava-Jato está impregnada de racismo estrutural, e os próprios procuradores mais ainda, basta ver aquele diálogo sobre a decoração do sitio de Atibaia e sobre o fato deles terem encontrado uma garrafa de cachaça nele. O silêncio sobre isso, sobretudo dos barulhentos militantes antirracistas de última hora, é impressionante.
Noves fora, eis um dos motivos porque não gosto do conceito da fake news, embora ache o fenômeno importantíssimo de ser analisado. Não se trata principalmente de verdade x mentira, mas de um certo regime afetivo. Nele pode-se, por exemplo, tanto acreditar nos maiores absurdos que jamais aconteceriam (tipo vacina que implanta chip ou causa modificação genética), quanto achar normal, ou achar que simplesmente não aconteceu, um absurdo que de fato se passou.
Sim, o procurador Deltan Dallagnol disse que se deveria agradecer à Cia pela prisão do Lula. Encarem isso, falem sobre isso.
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